quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eu sei que parece estranho, mas gosto de pensar assim...

Eu sei que parece estranho, mas gosto de pensar assim. Um grande trem, com vagões imensos, bancos estofados. Um grande e confortável trem, com várias pessoas acomodadas, tomando seus cafés e conversando sobre a vida alheia. Eu sou esse trem.
As pessoas entram em mim, bem dentro do peito, fazem um passeio e vão embora. Eu tenho um espaço enorme dentro de mim, ó: vários vagões com vista bonita para os sentimentos mais nobres que posso oferecer. Eu tenho assentos confortáveis, e muita gente bacana que mora aqui dentro. O problema, eu sei qual é, mas não entendo como acontece: eu não deixo ninguém ficar por muito tempo. É só um passeio de trem, afinal. Você entra, admira a paisagem, conversa e lê um jornal, bate um papinho rápido e nostálgico, deixa seu perfume e vai. Assim é desde muito tempo.  Alguns passam por mim somente para chegar onde querem,  quando chegam, partem. Sem se importar de me deixar sozinha. Sem se importar se me deixaram marcas. Meus passageiros, corações viajantes, me marcam, sim. Uma mancha de café em cima da mesa, livro esquecido nos assentos, qualquer lembrança boba que prove que valeu a pena tê-los dentro de mim. Mas eles somente querem ir embora.Essa é a minha incógnita. Não entendo. Nem aqueles que deixei um espacinho para usarem meus luxuosos bancos de couro, porque imaginei que queriam "me usar" mais que o necessário para tomar um cafezinho, nem esses ficam. Eu sei que balanço, causo náuseas, e a minha capacidade de aceitar qualquer um entrar, me deixa atarefada e tumultuada. Mas o caminho que percorremos juntos? Nada de vale? Nem uma consideração? A verdade é que para me fazer parar, é preciso um bocado de jogo de cintura e marra. Não é qualquer "maquinista" que consegue. Logo vejo que você é maquinista de primeira, portanto vou logo avisando, meu amigo: sou trem-bala, corro e atropelo. Para que vcs cheguem onde querem, faço muito mais. Tudo por vcs, meus passageios, mas também paro. Parei. Cansei. É tarde. Parabéns maquinista, me parar não é para qualquer um, quem sabe amanhã cedinho eu acorde. Ou não. Talvéz eu não queira mais "Passageiros" que daqui alguns 'metros' vão me deixar também.


Desculpa aos passageiros fiéis...






















Clarissa M. Lamega

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